sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ministério Público pode anular vestibular da UFPA

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou ontem um procedimento para investigar os indícios de plágio ou fraude nas questões da prova da primeira fase do Processo Seletivo Seriado (PSS) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Três das cinco questões da prova de Geografia do vestibular, realizado no último domingo (22), não eram inéditas. A UFPA anulou a prova de Geografia, no entanto, o MPF não descarta a possibilidade de anulação de todo o concurso.







Segundo o procurador da República, Alan Mansur, responsável pela investigação, inicialmente o Ministério Público solicitará da universidade cópias dos contratos firmados com os professores que elaboraram a prova anulada, além de informações sobre a sindicância que está sendo realizada pela própria UFPA. “Vamos avaliar qual a extensão do dano. Temos que investigar qual era o dever desses professores perante a Universidade e perante os estudantes que prestaram o concurso”, afirma Mansur.






De acordo com o procurador, caso comprovada a existência de falhas na elaboração das questões, os responsáveis podem receber algum tipo de punição administrativa e, se as investigações apontarem que houve intenção deliberada de favorecimento a um ou mais candidatos, um processo criminal deverá ser instaurado. “Caso seja constatado que houve vazamento doloso, um processo criminal será inevitável. Na esfera civil, o próprio plágio já se configura um dano à sociedade”, ressalta o procurador.






Segundo Mansur, a anulação do concurso é uma medida drástica que agravaria o prejuízo à imagem da UFPA. “Não descartamos nenhuma medida, mas não podemos, ainda, tirar conclusões sobre o caso”, conclui.






O CASO






Dias antes da realização da primeira fase do PSS, professores do pré-vestibular Impacto haviam sido procurados por alunos que tinham dúvidas sobre uma questão de geografia extraída do vestibular 2007 da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que foi adaptada para um caderno de testes do cursinho Universo. A questão original continha cinco itens e a adaptação apresentava seis alternativas e um gráfico.



A prova de geografia do PSS trouxe uma questão muito semelhante, com cinco itens, três idênticos a dois itens da prova da UFBA, um gráfico e uma alternativa idênticos aos da questão incluída no caderno de testes. Na segunda-feira (23), os professores do Impacto apresentaram requerimento à UFPA solicitando a anulação da questão. Posteriormente, a universidade detectou problemas nesta e em outras duas questões e, no dia 25, anulou as cinco questões de geografia.



“Enquanto profissional da educação, eu lamento pelo que aconteceu com a prova de geografia da UFPA. Lamento pelos dois lados: pela universidade, que há mais de 50 anos vem construindo a imagem de uma instituição séria, e pelos alunos. Os que não tiveram êxito na prova gostaram da anulação, os que tinham uma boa pontuação estão se sentindo prejudicados”, avalia Júlio Reis, coordenador geral do Colégio Universo.



Sobre as denúncias de que a prova teria vazado para o cursinho pré-vestibular do grupo, Júlio Reis afirma que o “Universo está aberto à imprensa, à sociedade e ao Ministério Público para quaisquer esclarecimentos. Enquanto o Universo não for notificado oficialmente, não temos nada a dizer”.



Em nota publicada no site da UFPA, o reitor Carlos Maneschy afirma que os problemas do Processo Seletivo foram restritos à prova da disciplina de Geografia. “A anulação foi decidida pela UFPA, por mérito de lisura e por um exercício de prudência. A instituição já está apurando e tomando as medidas cabíveis no âmbito jurídico e administrativo”, ressalta. (Diário do Pará)

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