Só em duas circunstâncias uma família que já tenha, há seis meses, algum tipo de negócio, não obtém financiamento junto ao CredPará: se tiver renda anual acima de 120 mil reais ou se o nome do principal proponente estiver no SPC-Serasa. Nenhuma outra circunstância impede o crédito - não ter renda fixa ou qualquer comprovante de rendimentos, não ter propriedades, ou qualquer garantia para o empréstimo. Significa que praticamente qualquer família de baixa renda do Estado pode encaminhar o processo de empréstimo e, um mês depois, obter o financiamento para consolidar ou ampliar um pequeno negócio.
O CredPará, programa do governo do Estado viabilizado pela carteira do Banpará, além de financiar atua como consultor e até mesmo administrador do negócio. A família deve, primeiro, procurar uma associação em seu bairro - qualquer associação: de moradores, de costureiras, de produtores de hortaliças: desde que esteja legalizada. Após se associar, o projeto é apresentado ao CredPará. O programa, então, analisa o tipo e o local de instalação de negócio - e procede à primeira consultoria: analisa o mercado para o segmento em determinado bairro (se há espaço para mais uma padaria, ou mercearia...) e encaminha o processo ou sugere ao proponente montar outro tipo de negócio.
"Através do Sebrae, das associações e das prefeituras, nossos parceiros no programa, auxiliamos a família em todos os aspectos do empreendimento, da análise e clareza de mercado aos cuidados com a higiene", diz Maria Antônia Silva de Arcanjo, coodenadora do CredPará da região Oeste do Estado, que tem como centro Santarém, onde o programa foi lançado em janeiro de 2008. "Hoje já atendemos a mais de três mil famílias em 19 municípios, financiando mais de seis milhões de reais."
As famílias empreendedoras podem obter até dois empréstimos: no primeiro, de R$ 2 mil a R$ 5 mil, a carência pode chegar a doze meses e o pagamento é em até 18 meses, a juros de 0,5% ao mês. No segundo, de até R$ 10 mil, a carência e o prazo de pagamentos são os mesmos, mas os juros são maiores, de 1% ao mês.
Os créditos são misto (para capital de giro e compra de insumos) e fixo (compra de equipamentos ou materiais) e financiam pequenos empreendimentos nas áreas de serviço (empresas de limpeza, atendimento em festas), produção (inclusive agrícola, como de hortaliças) e comércio (de confecções, alimentação e outras).
"Fornecemos todas as condições não apenas para que o projeto seja aprovado, mas para que prospere", diz Maria Antônio. "O objetivo é que realmente mude a vida da família, representando um marco de melhoria de vida a partir da geração de renda."
"Minha atividade deu um salto depois do CredPará", diz a santarena Ester Rocha Assunção, 50 anos, revendedora de roupas, calçados e acessórios. "Por oito anos, eu vendia de porta em porta, com propaganda boca-a-boca e um cartão que distribuía entre os clientes; ano passado, vendi jóias, sofás, cadeiras (tudo o que tinha na sala) e entrei com um projeto no CredPará. Aí o negócio melhorou muito, principalmente porque tive capital de giro e pude diversificar os produtos."
A cada três meses, Ester viaja a São Paulo, onde, por cinco dias, compra à vista os produtos. "Antes de viajar, aviso as principais clientes; na volta, telefono novamente, e é quando obtenho os principais resultados." Ester fatura em média R$ 6 mil por mês e revende à vista e a crédito. O empréstimo deu tão certo que ela agora pensa em pedir o segundo financiamento, desta vez para, em vez de um simples mostruário na sala, abrir uma loja na frente da casa onde mora.
Aldenice Pedroso Pimentel, 38 anos, dona da loja Essencial Fashion, em Santarém, trabalha há cerca de nove anos vendendo roupas. Mas foi no ano passado que seu negócio teve um impulso, a partir do financiamento do CredPará. "Com capital de giro, pude facilitar o crédito e também diversificar os produtos", faz coro com Ester Rocha. "Até antecipei em dois meses a quitação do primeiro empréstimo, para obter o segundo, um pouco mais alto. Com este, pude mudar a frente da loja, que ficou transparente e funciona como vitrine, e também comprar equipamentos para mostrar melhor e valorizar os produtos."
Aldenice Pedroso viaja duas vezes por ano a Goiânia, onde compra as roupas, jóias e acessorias para sua loja.
O CredPara tem hoje 66 prefeituras conveniadas, mas, a rigor, pode ser obtido por famílias de todos os municípios paraenses: o proponente só precisa viabilizar a ida de um técnico da prefeitura mais próxima para fazer a avaliação de seu projeto e do local de instalação.
Escola de Eletricistas
Há 6 meses
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