segunda-feira, 9 de novembro de 2009

90% da área de corte de madeira no Pará é ilegal

Um estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) diz que 89% da área que sofreu corte raso (retirada das espécies de valor comercial) no Pará, entre os primeiros semestres de 2007 e 2008, não foi autorizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para a exploração madeireira.

Isso corresponde a 372,5 mil hectares explorados ilegalmente em solo paraense. Apenas 11% da área cortada (aproximadamente 45 mil hectares) foi licenciada previamente pela Sema por meio de um plano de manejo sustentável. Dez municípios concentram mais de 70% dessa área explorada ilegalmente. O campeão do ranking é o município de Portel, seguido de Paragominas, Rondon do Pará e Goianésia do Pará.

Chama a atenção o fato de que apenas 45 mil hectares da área explorada tenham sido licenciados pela Sema, já que, no mesmo período, o Estado do Pará autorizou a exploração de uma área de 264,6 mil hectares em planos de manejo. De acordo com o pesquisador André Monteiro, principal autor do estudo, uma explicação possível para isso é que as imagens de satélite sobre as quais a análise foi feita foram tiradas em julho e agosto de 2008, quando os planos de manejo poderiam explorar áreas autorizadas até dezembro.

Outra explicação expressa na própria pesquisa é que haja planos de manejo autorizados apenas para “esquentar” madeira oriunda de áreas de exploração ilegal. Ou seja, alguém submete um plano de manejo à Sema pedindo para explorar determinada área, mas, na verdade, está explorando madeira num lugar para o qual não conseguiria licença, como uma unidade de conservação ou terra indígena.

Os dados apresentados pelo Imazon mostram que 76% desse corte ilegal de madeira teria acontecido em propriedades privadas, devolutas ou sob disputa; 14% aconteceu em áreas protegidas (unidades de conservação ou terras indígenas) e os 13% restantes correspondem a assentamentos de reforma agrária.

A reportagem contactou a assessoria de comunicação da Sema, que ficou de se manifestar hoje sobre os dados divulgados pelo Imazon. A pesquisa será divulgada hoje no site do instituto: www.imazon.org.br. (Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário