terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PSS 2010: prova da UFPA volta a ser contestada

O clima predominante no Brasil é temperado e não tropical, conforme aprendemos na escola? E São Paulo já era metrópole desde o século XVIII, época da Revolução Industrial, antes mesmo da Inglaterra? Pois é, na prova de geografia da primeira etapa do Processo Seletivo Seriado da Universidade Federal do Pará (UFPA), aplicada anteontem, consta que sim, o que está sendo contestada por professores.
Devido isso, mais uma vez, questões da prova de geografia correm o risco de serem anuladas. Para o professor de geografia do Sistema de Ensino Universo, Jurueno Sampaio, pelo menos três das cinco questões da disciplina apresentam erro de conteúdo ou teórico. “Nós (instituição) e outros estabelecimentos de ensino vamos entrar ainda hoje (ontem) com recurso pedindo a anulação da questão 16 e mudança de gabarito das questões 17 e 19, baseado na bibliografia do próprio edital, pois entendemos que os alunos que se prepararam não podem ser prejudicados com um erro da banca”.
Segundo Sampaio, a questão 16, que trata da reestruturação do espaço mundial sob influência dos regimes socialistas do século XX, sobretudo nos países do Leste Europeu e União Soviética, trata-se de uma desobediência ao conteúdo exigido pela primeira fase - que considera apenas os regimes socialistas contemporâneos, isto é, China e Coreia do Norte, na Ásia, e Cuba, na América Latina.
A questão 17, por sua vez, diz respeito à formação do espaço urbano-industrial, onde aponta a cidade de São Paulo como uma metrópole em ascensão em plena época da Revolução Industrial, no século XVIII. Segundo Sampaio, a cidade não passava de um vilarejo nesse período, vindo a se tornar uma metrópole a partir da década de 1930, fruto do investimento adquirido pela exportação de café.
Contudo, dentre as três questões, o professor destaca a 19 como a mais absurda. “A alternativa considerada correta diz claramente que o Brasil é um país de clima predominantemente temperado, o que não é verdade, pois cerca de 92% do território correspondem ao clima tropical”.


PRESSA

Para o professor, o pouco tempo para a elaboração de um novo processo seletivo talvez tenha influenciado o fechamento da prova. Além de geografia, candidatos e professores reclamaram muito da prova de filosofia, considerada acima da média para um exame de ensino médio. “Ineditismo, obediência ao programa e nivelamento compatível são critérios básicos para a elaboração dessas questões. Não entendo como professores formados foram capazes de cometer erros primários”, alega.


Além dos docentes, os estudantes também estavam chocados com a notícia. “Égua, de novo? Não acredito! A gente se prepara o ano inteiro e esses professores são contratados só para isso. É frustrante”, desabafa Caroline de Souza, 17 anos, que presta o vestibular da UFPA pela primeira vez.
Procurada pelo DIÁRIO, a UFPA alegou, em nota, que até ontem não foi protocolado nenhum recurso referente à primeira fase do vestibular. Além disso, esclarece que o edital estabelece um prazo de 48 horas após a divulgação do gabarito - o que deve encerrar na tarde de quarta-feira, pois hoje (aniversário de Belém) não é considerado dia útil para a instituição.
Assim, os recursos protocolados dentro do prazo serão apreciados pela Comissão Permanente de Processos Seletivos, emitindo os resultados em até três dias úteis, conforme o entendimento das respectivas bancas. E, finalmente, considerou natural o pedido de recursos, pois entende ser necessário para a garantia de qualidade dos exames.
Esta é a segunda vez que a prova de geografia passa por problemas ainda na primeira etapa do vestibular, influenciando a vida de aproximadamente 50,4 mil candidatos inscritos, sendo cerca de 47,7 mil os que realizaram a primeira etapa no último domingo. Um valor aproximado de R$ 1 milhão foi gasto para refazer toda a prova da UFPA, envolvendo investimentos na área de segurança e mudanças na logística (acesso às provas) e na banca elaboradora de geografia.

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